automation

[Podcast] L’automate et le tâcheron (Radio AlterNantesFM, 25 févr. 2021)

Antonio Casilli, sociologue, enseignant-chercheur à Télécom Paris, auteur d’En attendant les robots, enquête sur le travail du clic, essai paru aux éditions du Seuil est l’invité du magazine. Il est intervenu dans le cadre des mardis de l’IEAoLU sur le thème :  « L’automate et le tâcheron. Dépasser la rhétorique de la destinée manifeste de l’intelligence artificielle »…

Une émission de Michel Sourget

Grand entretien dans la revue Relations [no. 808 – mai-juin 2020]

Par : Emiliano Arpin-Simonetti 

Dans son dernier ouvrage En attendant les robots. Enquête sur le travail du clic (Seuil, 2019), Antonio A. Casilli, professeur de sociologie à Télécom Paris (Institut Polytechnique de Paris), lève le voile sur la face cachée du boom de l’intelligence artificielle : les millions de travailleurs et de travailleuses du clic nécessaires au fonctionnement des machines dites intelligentes. Gratuit ou sous-payé, ce travail, largement invisibilisé et souvent sous-traité dans les pays du Sud global, bouscule le monde du travail et fait apparaître le caractère trompeur de l’automatisation généralisée. Nous en avons discuté avec lui.

Article accessible sur la revue Relations.

Relations808_mai-juin2020

[Vidéo] Séminaire Web “Petits déjeuners Durkheim” (29 mai 2020)

Une séance animée par Florent Le Bot, IDHES, université d’Evry, organisée avec Nathalie Barnault (Bibliothèque Durkeim, ENS Paris-Saclay) et réalisée en webconférence par la MSH Paris-Saclay.

Antonio Casilli nous présente son livre « En attendant les robots. Enquête sur le travail du clic » paru aux Éditions du Seuil, 2019. Avec en discutant Alexandre Moatti

Professeur à Télécom Paris et chercheur à l’UMR i3 (CNRS / X, Mines ParisTech, Télécom Paris), Antonio Casilli aborde les enjeux du numérique en sociologue. A la suite de projets de recherche qu’il a coordonnés sur les réseaux sociaux en ligne, la santé et la vie privée, il s’est intéressé au « travail du clic » (digital labor) promu par les plateformes numériques. Lauréat d’un appel à workshops de la MSH Paris-Saclay en 2017, il a été la même année lauréat d’un appel à projets Maturation avec le projet DipLab (pour Digital Platform Labor), lequel vise à rendre visible et organiser le micro-travail à l’œuvre sur les plateformes numériques, à partir d’approches interdisciplinaires. Ce projet a fait l’objet d’une conférence internationale organisée en juin 2019 avec France Stratégie.

En attendant les Robots :

L’essor des intelligences artificielles réactualise une prophétie lancinante : avec le remplacement des êtres humains par les machines, le travail serait appelé à disparaître. Si certains s’en alarment, d’autres voient dans la « disruption numérique » une promesse d’émancipation fondée sur la participation, l’ouverture et le partage. Les coulisses de ce théâtre de marionnettes (sans fils) donnent cependant à voir un tout autre spectacle. Celui des usagers qui alimentent gratuitement les réseaux sociaux de données personnelles et de contenus créatifs monnayés par les géants du Web. Celui des prestataires des start-ups de l’économie collaborative, dont le quotidien connecté consiste moins à conduire des véhicules ou à assister des personnes qu’à produire des flux d’informations sur leur smartphone. Celui des microtravailleurs rivés à leurs écrans qui, à domicile ou depuis des « fermes à clic », propulsent la viralité des marques, filtrent les images pornographiques et violentes ou saisissent à la chaîne des fragments de textes pour faire fonctionner des logiciels de traduction automatique. En dissipant l’illusion de l’automation intelligente, Antonio Casilli fait apparaître la réalité du digital labor : l’exploitation des petites mains de l’intelligence « artificielle », ces myriades de tâcherons du clic soumis au management algorithmique de plateformes en passe de reconfigurer et de précariser le travail humain.

Na revista Época (Brasil, 20 dez. 2020)

Boeing, Tesla, Mercedez-Benz e Toyota: empresas que estão abandonando ou reduzindo a robotização em suas fábricas e linhas de produção. Sobre este assunto, dei uma entrevista para a revista semanal brasileira Época.


O FREIO DAS MÁQUINAS NO MUNDO DO TRABALHO

Grandes indústrias repensam estratégia e voltam a colocar humanos em operações antes automatizadas

Rennan Setti

­ Foto: Montagem com fotos de Jeff J Mitchell / Getty Images; e Bill Diodato / Corbis still / Getty Images

A Boeing jogou a toalha. A fabricante americana abandonou neste ano seu ambicioso projeto de delegar apenas a robôs a fabricação das principais partes da fuselagem das aeronaves 777 e 777x . Baseado em tecnologia da Kuka Systems, o sistema que funcionava na fábrica em Everett, Washington, nos Estados Unidos, foi desenvolvido para representar o suprassumo da automação. Em substituição a ferramentas manuais, um exército de máquinas instalaria 60 mil rebites por aeronave, acoplando as placas de metal que formam a estrutura dos jatos em ritmo, harmonia e eficiência sem paralelos. Porém, faltou combinar com os parafusos: os robôs não conseguiam trabalhar com a sincronia necessária, provocando uma série de erros que precisavam ser corrigidos pelas mãos de mecânicos — cujo volume de horas extras explodiu diante da incompetência de seus colegas androides, segundo reportou o Seattle Times.

O aparente fracasso da Boeing em sua arrogância automatizada tem certo sabor de Schadenfreude — expressão alemã para a ideia de satisfação diante do infortúnio alheio — para trabalhadores de carne e osso, que deparam com previsões catastróficas sobre seu futuro empregatício diante da ascensão das máquinas nos meios de produção, a chamada Quarta Revolução Industrial. No ano passado, a venda de robôs atingiu o recorde de US$ 16,5 bilhões, com um crescimento de 6% no número de unidades produzidas, segundo a Federação Internacional de Robótica (FIR). Entre 2020 e 2022, o ritmo de avanço deve ser de 12%. No mundo, a indústria já emprega 99 robôs para cada 10 mil operários, 34% a mais que em 2016. Em Cingapura e na Coreia do Sul, a quantidade é de 831 e 774, respectivamente, a cada 10 mil.

Um robô em linha de montagem de uma fábrica da Nissan, em Resende, no Rio de Janeiro. No Japão, a Toyota anunciou em 2014 a substituição de algumas máquinas por humanos. Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP

Um robô em linha de montagem de uma fábrica da Nissan, em Resende, no Rio de Janeiro. No Japão, a Toyota anunciou em 2014 a substituição de algumas máquinas por humanos. Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP

Alguns movimentos sugerem, contudo, que a robotização desenfreada pode ter pela frente um caminho acidentado antes de confirmar sua supremacia. A despeito das proclamadas proezas da inteligência virtual, as máquinas ainda enfrentam dificuldades para se adaptar a uma economia que depende cada vez mais de produtos e serviços customizáveis e complexos.

Os sinais surgiram primeiro na indústria automobilística, justamente aquela cuja explosão à época do fordismo foi definida por uma automatização que aproximava o trabalho humano daquele de um robô. A Toyota, cujo sistema de produção definiu o capitalismo nas últimas décadas, anunciou em 2014 que substituiria algumas de suas máquinas por seres humanos no Japão, um dos países mais robotizados do planeta. A estratégia da montadora era garantir que os empregados entendessem, de fato, o trabalho e, no longo prazo, obter processos mais eficientes. Naquele momento, os seres humanos conseguiram reduzir em 10% o desperdício nas linhas de montagem. Em 2016, a Mercedes-Benz seguiu os passos da japonesa, alegando que os robôs não davam conta da complexidade e do nível de customização que a fabricante deseja oferecer em seu luxuoso Classe S.

No ano passado, quem deu um passo atrás foi a americana Tesla, cujas fábricas de veículos elétricos estavam entre as mais automatizadas do mundo. Pressionada pelos investidores pela lentidão na produção do carro Model 3, a aposta da companhia para ampliar sua clientela para a classe média, o fundador Elon Musk culpou a robotização da linha de produção pelo problema. Para acelerar o processo, decidiu contratar mais trabalhadores. “A automação excessiva na Tesla foi um erro. Meu erro, para ser mais preciso. Humanos são subestimados”, admitiu Musk. Karla Figueiredo, do Laboratório de Inteligência e Robótica Aplicadas (Lira), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ponderou que, apesar desses casos, não há uma tendência generalizada de frear a automação nas linhas de montagem. Segundo ela, o mais provável é que essas companhias tenham refletido sobre os resultados práticos da automação em suas operações e promovido ajustes. “Embora elevem a produtividade, os robôs são menos maleáveis. Quanto maior a especificidade e a necessidade de ajuste dos produtos, mais difícil e caro fica adaptá-los”, explicou.

Um empregado ajusta o tamanho de um braço de um robô no centro de pesquisa de uma fábrica em Chemnitz, na Alemanha. A robotização desenfreada tem sido revista em empresas como a Boeing. Foto: Ute Grabowsky / Photothek / Getty Images

Um empregado ajusta o tamanho de um braço de um robô no centro de pesquisa de uma fábrica em Chemnitz, na Alemanha. A robotização desenfreada tem sido revista em empresas como a Boeing. Foto: Ute Grabowsky / Photothek / Getty Images

Em alguns casos, de fato, o imperativo da automação atropela as reais necessidades da companhia, que acaba automatizando por automatizar, observou Giovani Ortiz, sócio da consultoria Ernst & Young no Brasil. Em 2005, uma indústria paulista de linha branca abarrotou sua fábrica com sensores inteligentes e acabou acrescentando a sua produção uma complexidade com a qual não sabia lidar. “Nesse caso, a solução foi eliminar esses sensores, reduzir a automação e simplesmente deixar que pessoas apertassem o botão. Isso aumentou drasticamente a produtividade”, afirmou Ortiz, sem revelar a marca. Ele lembrou que as empresas não precisam atingir o nível máximo de automação para capturar os benefícios desse processo. “A robotização entrou na moda, e, como em um boom, todo mundo fez. Mas ganho real é outra coisa. O ganho de produtividade não necessariamente vem só da máquina”, disse Cayan Saavedra, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Saavedra não é nenhum cético quanto ao potencial da automação. Ele foi um dos responsáveis por um estudo da Universidade de Brasília (UnB) que atesta que 30 milhões de empregos, ou 54% dos postos formais no Brasil, correm o risco de ser substituídos por robôs até 2026. Mas Saavedra acredita que, mesmo com o avanço das máquinas e da inteligência artificial sobre tarefas cognitivas, a tendência é que os humanos seguirão sendo competitivos no longo prazo. “A vantagem humana em termos de adaptação, de criação de hipóteses, permanece. Steve Jobs criou o iPod sem pesquisa de mercado ou ajuda de robôs, por exemplo”, lembrou o pesquisador, cujo trabalho foi capitaneada pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações (Lamfo) da UnB.

Gravura de Wolfgang von Kempelen (1734-1804), inventor húngaro conhecido como O Turco, criou uma “máquina” de jogar xadrez que enganou toda a nobreza europeia no século XVIII. Foto: Universal History Archive / Universal Images Group / Getty Images

Gravura de Wolfgang von Kempelen (1734-1804), inventor húngaro conhecido como O Turco, criou uma “máquina” de jogar xadrez que enganou toda a nobreza europeia no século XVIII. Foto: Universal History Archive / Universal Images Group / Getty Images

O aparente passo atrás dado por algumas indústrias também se manifesta no Zeitgeist cultural, como capturou o jornalista canadense David Sax no livro A vingança dos analógicos: por que os objetos de verdade ainda são importantes(Anfiteatro, 2017). A obra busca entender o que motiva a prosperidade de produtos e métodos do passado, como o vinil, os jogos de tabuleiro e o próprio papel, em uma economia digitalizada. Para ele, a chave da resposta está em uma barreira intransponível: os seres humanos são feitos de carne e osso. “Por mais que a tecnologia avance e promova mudanças nos métodos de produção, a realidade é que somos todos humanos em um mundo físico. Esse toque humano seguirá sendo necessário, já que os consumidores entendem que a combinação dessas duas dimensões, a digital e a analógica, resulta em algo mais interessante. Não existe dogma nesse caso: as duas têm seu papel”, afirmou Sax, que também é conhecedor da música brasileira e brinca que, quando o assunto é Carnaval, “a música eletrônica jamais seria capaz de substituir a batucada da Mangueira ou do Salgueiro”.

Antonio A. Casilli, autor de En attendant les robots (Esperando os robôs, em tradução livre), conta que o impulso rumo à automação é cíclico na história. Já no início do século XIX, o economista britânico David Ricardo, um dos pais da teoria econômica clássica, falava da tentação humana em utilizar máquinas com a ilusão de poder substituir totalmente o empregado. Quase dois séculos depois, em 1995, o americano Jeremy Rifkin traçou uma crítica um quê apocalíptica com O fim dos empregos. Em 2013, pesquisadores de Oxford previram que a automatização ameaça destruir 47% dos empregos. Segundo Casilli, que é professor da influente escola francesa Télécom Paris, as empresas que decidiram reduzir a automação em sua linha de montagem não deram um passo atrás, porque os humanos nunca vão sumir do processo produtivo. Segundo sua análise, os trabalhadores humanos acabam “escondidos” por um misto de terceirização, “gig economy” (economia do bico) e redes de microtrabalho digital.

As consequências da Quarta Revolução Industrial, de acordo com sua crítica, são a perda de direitos e a precarização do trabalho. “As chamadas tecnologias autônomas não são, na realidade, autônomas. Elas dependem de um intenso volume de trabalho humano, pessoas que recebem alguns centavos para realizar microtarefas com o objetivo de alimentar e treinar a inteligência artificial, como se a IA fosse uma espécie de animal. É o que chamo de ‘digital labor’”, disse Casilli.

“‘EMBORA ELEVEM A PRODUTIVIDADE, OS ROBÔS SÃO MENOS MALEÁVEIS. E QUANTO MAIS ESPECIFICIDADE TÊM OS PRODUTOS E MAIOR NECESSIDADE DE AJUSTE, MAIS DIFÍCIL E CARO FICA ADAPTÁ-LOS’, EXPLICOU A PESQUISADORA KARLA FIGUEIREDO, DA PUC-RIO”

A mais famosa das plataformas de microtrabalho é a Mechanical Turk, da Amazon. Seu nome é inspirado em uma máquina “inteligente” criada no fim do século XVIII e que prometia jogar xadrez sozinha. Ao longo de décadas, a engenhoca desafiou os melhores jogadores de seu tempo, batendo até personalidades como Napoleão Bonaparte e Benjamin Franklin. Na realidade, porém, a Mechanical Turk era uma fraude, pois escondia embaixo de sua estrutura grandes mestres de xadrez de carne e osso.

Na Mechanical Turk de Jeff Bezos, os grandes mestres são internautas, muitas vezes em países em desenvolvimento, que concordam em passar o dia realizando pequenas tarefas digitais, como identificar objetos em imagens, em troca de alguns centavos de dólar. No mês passado, o jornalista Andy Newman contou no jornal New York Times sua experiência na plataforma: após oito horas de um trabalho repetitivo, o repórter ganhou frustrantes US$ 7,83. “A Mechanical Turk é a plataforma mais conhecida de digital labor, mas há alternativas chinesas e australianas que são muito mais relevantes. A precarização fica clara na forma como elas atraem internautas em países pobres. A Venezuela, por exemplo, está se transformando em um celeiro desse digital labor por causa da crise”, explicou Antonio Casilli, em entrevista a ÉPOCA.

Em um momento político no qual os temas do privilégio e da desigualdade ganharam proeminência, um exemplo recente de digital labor gerou críticas na imprensa francesa. Dezenas de robôs se tornaram o xodó dos alunos da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Os chamados kiwibots circulam por todo o campus entregando fast-food e bebidas, mas são, na verdade, carrinhos de controle remoto, guiados à distância por colombianos que recebem US$ 2 por hora pelo serviço. “As pesquisas mostram que, conforme a inteligência artificial avança, mais trabalho humano é necessário para suportá-la. É um paradoxo semelhante à expressão francesa que diz que, quanto mais queijo houver, mais buraco haverá”, afirmou Newman. Apesar das perspectivas incertas, ele se diz otimista: “Está havendo uma conscientização dos trabalhadores, com empregados da ‘gig economy’ reclamando direitos, por exemplo. Acredito que essas lutas vão levar, por meio do conflito, à melhora das condições”.

Grand entretien dans le hors-série du magazine Socialter (25 oct. 2019)

Dans le deuxième hors-série que la revue Socialter consacre aux freelancers, un long entretien avec la journaliste Pauline Porro.

«L’intelligence artificielle invisibilise le travail»

La machine remplacera-t-elle le travailleur ? À cette question mille fois rebattue, le sociologue et professeur à Télécom Paris Antonio Casilli répond par la négative. Dans son ouvrage En attendant les robots, il affirme que ce discours procède d’une grande mystification à laquelle il convient d’apporter un démenti, pour mieux lever le voile sur les conditions de travail.

Grand entretien dans Agir Par La Culture (Belgique, 23 oct. 2019)

Dans le numéro 59 du trimestriel belge Agir par la Culture (automne 2019), une longue conversation avec Aurélien Berthier à propos de travail, plateformes et mondialisation.

Numérique : Vers un travail en micromiettes ?

Coupe du Turc mécanique, avec la position supposée de l’opérateur. Joseph Racknitz, 1789

Avec « En attendant les robots », le sociologue Antonio A. Casilli s’attaque à l’un des principaux mythes des sociétés occidentales contemporaines : le développement sans frein de la technologie va conduire à la disparition du travail ; les humains sont condamnés à être remplacés par des « intelligences artificielles ». Or, en se penchant sur l’arrière-cuisine du secteur numérique, Casilli montre à quel point ces intelligences dites artificielles sont en réalité « largement faites à la main », par une armée de réserve de l’industrie numérique composée de travailleurs et travailleuses précaires qui se tuent à la microtâche.

Avec le développement de l’automation, il est en effet plus à craindre une précarisation et une atomisation accrues du travail plutôt que sa disparition. Le mythe du « grand remplacement » des humains par des robots, nous indique Casilli, renouvelle en fait la vieille ruse du régime capitaliste pour payer toujours moins la force de travail et la déprotéger socialement. La promesse d’automation portée par le secteur numérico-industriel s’avère ainsi à la fois le « bâton qui discipline la force de travail » et la « carotte qui attire les investisseurs ». Loin des fables marketing de la Silicon Valley sur l’intelligence artificielle toute puissante et autonome que de talentueux ingénieurs développeraient seuls, la réalité est faite de millions de digital workers (travailleur·euses du doigt) payé·es quelques centimes d’euro la pièce. Ils entrainent les algorithmes en cliquant sans fin dans des fermes à clics au Kenya, dans des cybercafés en Tunisie ou depuis la maison un peu partout, pour tenter d’améliorer leur salaire de working poor. Évoquer la disparition du travail, c’est donc une manière de ne pas voir son incessante altération et oublier bien vite que si la data (la donnée) brute est le nouveau pétrole, un raffinage par les humains est nécessaire avant tout usage par la machine.

Contrairement à l’idée reçue, vous affirmez que ce sont plutôt les humains qui volent le job des robots. Qu’est-ce qui vous fait dire ça ?

On est aujourd’hui entouré par un discours ambiant qui rabâche les résultats de l’étude « The future of employment » de Frey et Osborne menée en 2013 selon laquelle 47 % des emplois disparaitraient d’ici 2030 au États-Unis en raison de l’utilisation des intelligences artificielles (IA) et de la robotique mobile… Or, si on se penche sur la nature de l’intelligence artificielle, considérée comme responsable de ce prétendu « grand remplacement technologique », celle qu’on a effectivement à notre disposition, on s’aperçoit que nous sommes loin d’une IAforte, c’est-à-dire capable de dépasser celles des humains. Au contraire, la réalité commerciale, mais aussi celle des recherches de pointe et des investissements actuels nous mènent plutôt vers un paradigme d’IA faible. C’est-à-dire celle qu’on a dans la poche : le Siri ou le OKGoogle des smartphones, le Cortana ou l’Alexa des enceintes connectées, c’est-à-dire des assistants virtuels qui accompagnent la décision ou certaines actions humaines. Le non-dit de la réflexion actuelle sur les technologies c’est que, pour pouvoir produire ces assistants virtuels, on a besoin d’énormément de travail humain. On parlera même ici plutôt de human assisted virtual assistants(des assistants virtuels eux-mêmes assistés par des êtres humains) car ils sont totalement inefficaces en l’absence d’une intervention humaine. Il est en effet nécessaire que des humains produisent des exemples, c’est-à-dire des données utilisables que les « intelligences artificielles » sauront reconnaitre et ranger. Car elles n’apprennent pas toutes seules. Ce sont des êtres humains qui annotent, qualifient et améliorent les données d’entrainement. Et encore des êtres humains qui testent ces outils et vérifient qu’ils interprètent correctement les données… Énormément de travail humain irrigue donc ces solutions technologiques loin d’être autonomes.

Qui réalise ce travail ?

Le fonctionnement de ces technologies dites « apprenantes » et dont ont besoin les plateformes pour marcher, est assuré, pas tant par des informaticiens surdoués et spécialisés qui réaliseraient des prouesses algorithmiques, que par une foule de personnes sans qualification particulière. Ce sont elles qui produisent les données.

Une grande partie de ce travail est réalisé par des personnes qui évoluent sur des plateformes spécialisées dans le microtravailLa plus ancienne et la plus connue est Amazon Mechanical Turk[à l’initiative de la plateforme de vente Amazon.com] mais depuis, leur nombre a explosé. On connait relativement mal leur fonctionnement et leur étendue, mais une chose est sûre : ces plateformes ne permettent pas un encadrement classique du travail. On y est très rarement salarié, et même le statut de free lancers ne s’y adapte pas. Ce qui émerge ainsi actuellement, c’est une nouvelle catégorie de travailleur·euses que j’ai nommés les microtâcherons du clic. Ces travailleurs sont payés à la pièce pour réaliser une microtâche qui dure de quelques secondes à quelques minutes, et qui est très faiblement rémunérée : de quelques centimes à quelques euros. Il s’agit par exemple de labelliser des images pour que des algorithmes soient capables de discerner un arbre d’un poteau, typiquement, ce qu’ils ne savent pas faire d’entrée et qu’ils ont besoin « d’apprendre » en s’entrainant sur de gigantesques bases de données préparées par ces humains.

Une autre partie de ce travail, nous le réalisons nous-mêmes gratuitement, par notre usage des plateformes. Par exemple, quand je regarde 4 ou bien 40 minutes d’une vidéo sur YouTube, en la notant en bien ou en mal, ou quand je like ou partage tels articles, commentaires, photos etc. sur Facebook. Ce faisant, leurs algorithmes sont capables d’apprendre mes préférences et de s’améliorer à partir des données que j’ai créées, que j’ai produites. C’est le travail social en réseau que nous réalisons sans nous en rendre compte et sans toucher pour cela la moindre rémunération, alors même qu’ils utilisent et monétisent ces données et produisent donc de la valeur à partir d’elles.

Vous montrez effectivement qu’il existe un continuum entre la course d’un chauffeur Uber, la microtâche d’un microtravailleur d’Amazon Mechanical Turk et les posts d’un internaute sur Facebook. Qu’est-ce qui relie ces trois personnes ?

Toutes ces plateformes – qui ne sont pas des entreprises classiques puisque leur activité est essentiellement de mettre en relation différents types d’acteurs – sont basées sur la production de données. Elles doivent pour cela mettre au travail leurs propres utilisateur·trices afin de leur faire réaliser une activité de type particulier : le digital labor. Le terme digital renvoie au terme latin digitus (le doigt). C’est donc en somme le travail du doigt dont le clic de la souris représente la tâche la plus élémentaire. Il est à distinguer du travail numérique, celui des managers, des ingénieurs, des informaticiens des grandes entreprises du numérique qui sont, eux, capables de gérer le numerus de par leurs compétences en mathématiques avancées.

Le digital labor est un travail qui est extrêmement fragmenté et surtout déqualifié, invisibilisé et invalorisé (c’est-à-dire en perte de valeur). Il est d’abord fondé sur le principe de tâcheronisation : l’activité se limite à des tâches extrêmement simples, courtes et fractionnées mais aussi standardisées, répétitives et assez rébarbatives. Elles sont effectuées pour la plupart devant un ordinateur : identifier des objets sur une image, étiqueter des contenus, enregistrer sa voix en lisant de courtes phrases, traduire de petits bouts de texte…

Le fil rouge qui relie un chauffeur de Uber, un micro-travailleur d’Amazon Mechanical Turk et un utilisateur lambda de Facebook, c’est donc la production des données, processus qu’on appelle la datafication et qui représente l’autre fondement de ce digital labor. Les plateformes et les IA — que les premières tentent de produire et de marchander — sont en effet fondées sur un flux constant de données produites et traitées. C’est la matière première nécessaire à leur fonctionnement. Ainsi, un chauffeur Uber passe certes une partie de son temps à conduire, mais ce qui intéresse surtout la plateforme sur laquelle il évolue, c’est de produire des données sur son smartphone en utilisant l’application Uber, en améliorant le GPS, l’algorithme de tarification dynamique ou la notation des passagers. Ces données sont en effet utilisées pour entrainer des robots de type particulier, des véhicules dits « autonomes », mais qui ont tout de même besoin de traiter et de travailler des données en temps réel. Un véhicule « sans chauffeur » enregistre des données grâce à un « lidar » [un capteur à radar laser], mais ces données, pour être exploitables, ont besoin d’être annotées, améliorées, raffinées. Ainsi, concrètement, si ce véhicule « autonome » a pris en photo une rue, il faut que quelqu’un lui enseigne à reconnaitre un arbre ou un piéton (à éviter), un panneau de signalisation (et son interprétation), etc. Et ce, de toutes les formes et dans tous les contextes possibles. Pour ce faire, on fait donc appel à des travailleurs du clic, comme ceux de The mighty IA, un sous-traitant spécialisé dans l’entrainement des données pour le secteur automobile. Au sein de cette plateforme, des milliers de personnes payées quelques centimes par tâche doivent regarder à longueur de journée des photos de villes, d’autoroutes, et détourer [tracer les contours de] les voitures ou les camions pour les identifier.

Combien sont-ils ces microtravailleur·euses ?

Ces microtravailleurs représentent une force de travail qui est en train de monter partout dans le monde. Les plateformes déclarent des effectifs qui dépassent déjà les cent millions ! On est donc loin d’une disparition du travail et des emplois volés par les robots. Au contraire, les besoins du secteur du numérique et de l’IA ne cessent de croitre et d’évoluer. Par contre, le travail et ses conditions d’exercice se voient fortement dégradées puisque cette tacheronisation entraine une fragmentation des emplois en microtâches externalisées accompagnée par le démantèlement des salaires au moyen des micropaiements.

Je viens d’estimer avec mon équipe le nombre de personnes qui microtravaillent en France : un peu plus de 260 000 personnes. C’est énorme compte-tenu du fait qu’on parle d’un pays riche, c’est-à-dire dans lequel on n’imagine pas à priori qu’un travailleur ait la nécessité de réaliser des microtâches payées quelques centimes d’euros. Il s’agit souvent de personnes en dessous du seuil de pauvreté et parfois de salarié·es qui ont besoin d’un complément pour terminer le mois. Ce qui témoigne au passage de la dégradation de leur pouvoir d’achat et leur condition de travail par rapport aux décennies passées.

Mais néanmoins, vous montrez que l’essentiel de cette armée industrielle de tâcherons du clic se situe dans les pays du Sud…

Oui, tout simplement pour une question démographique : la masse des ouvriers se situe aujourd’hui dans le Sud du monde dans les secteurs primaires ou secondaires, l’extraction de minerais ou l’agriculture. Dans son ouvrage « L’avenir du travail vu du Sud », Cédric Leterme explique comment la masse ouvrière actuelle s’est « sudifiée » et féminisée. Les microtâcherons du clic, qui font partie à part entière de cette masse ouvrière, n’échappe pas à la tendance. Ainsi, des pays comme les Philippines, l’Inde, l’Afrique du Sud ou dans un contexte francophone Madagascar, le Sénégal, la Côte d’Ivoire ou la Tunisie concentrent le gros de ces microtravailleurs. Lesquels sont d’ailleurs très souvent plutôt des microtravailleuses.

Je viens d’estimer avec mon équipe le nombre de personnes qui microtravaillent en France : un peu plus de 260 000 personnes. C’est énorme compte-tenu du fait qu’on parle d’un pays riche, c’est-à-dire dans lequel on n’imagine pas à priori qu’un travailleur ait la nécessité de réaliser des microtâches payées quelques centimes d’euros. Il s’agit souvent de personnes en dessous du seuil de pauvreté et parfois de salarié·es qui ont besoin d’un complément pour terminer le mois. Ce qui témoigne au passage de la dégradation de leur pouvoir d’achat et leur condition de travail par rapport aux décennies passées.

En somme, sur les plateformes de microtravail, non seulement le modèle vanté (l’auto-entrepreneuriat, où l’on est libre de travailler où on veut quand on veut) s’avère en fait être un environnement de travail aux conditions ultra précaires, sous-payées, sans aucune protection ni garantie de pérennité de son activité, mais de surcroit, celui qui y travaille subit aussi des contraintes liées au salariat comme la subordination, la surveillance, le contrôle…

L’idée de base du salariat c’est qu’en échange d’une subordination relative, je reçois une protection sociale généralisée. Ce pacte-là s’est cassé et les « indépendants » ont renoncé à la protection pour éviter la subordination à l’ancienne. Les travailleurs des plateformes, eux, qu’ils travaillent gratuitement ou pour des microrémunérations, se retrouvent face à une forme de subordination qu’on appelle la subordination technologique. Celle-ci se manifeste notamment à travers le flux d’ordres qui leur est transmis via les pastilles d’un message non lu, les annonces, les alertes, etc. C’est ce qu’on nomme des calls to action (« appels à l’action »), des solutions technologiques qui vous poussent à réaliser une action le plus vite possible et sans vous poser de questions. C’est assez clair si vous êtes un chauffeur Uber : chaque nouvelle proposition de course équivaut à un ordre, et chaque refus de course, c’est un refus d’ordre qui expose à une sanction possible comme une perte de réputation, un déclassement, etc. Même un utilisateur lambda de Facebook ou de Linkedin recevra ces appels à l’action ou subira la quantification de son effort productif via toute une métrique de performance (scores, likes, étoiles, nombre de followers, de partages, de contacts…) qui sert aussi d’outil de contrôle et de mise en concurrence.

Avec le microtravail, basé sur le modèle de rémunération à la micro-pièce, au clic de souris, est-ce qu’on arrive à une logique tayloriste poussée à son maximum ? À un travail non plus « en miettes » mais en micromiettes ?

Nous sommes clairement dans le prolongement extrême à la fois de l’ancienne division du travail dont parlait Adam Smith au 18e siècle, et de certaines bases du fordo-taylorisme comme la fragmentation du travail et le travail à la chaîne… Sur Amazon Mechanical Turk, un travailleur reçoit un flux d’offres de microtâches qu’il doit réaliser très vite. Ça ne doit pas lui prendre plus de quelques fractions de seconde pour distinguer de manière intuitive un chat d’un chien sur une image. Ce travail est donc en effet extrêmement atomisé au niveau de sa réalisation ainsi qu’au niveau de sa rémunération.

Mais ce qui représente la plus grosse différence par rapport au « travail en miettes » dont parlait Georges Friedmann en 1964, c’est le fait qu’il s’agisse d’un travail invisibilisé. Ainsi, au 20esiècle, malgré l’émiettement de leur activité, des modalités de solidarité active entre les travailleurs pouvaient subsister du fait même qu’ils partageaient un même lieu de travail : l’usine. Or, actuellement, les travailleurs des plateformes de microtravail n’ont aucune idée de qui sont les autres microtravailleurs. Pire, ils n’ont aucun intérêt à faire savoir aux autres ce qu’ils sont en train de faire : les autres ce sont des concurrents qui peuvent potentiellement leur voler des tâches un peu mieux rémunérées — c’est-à-dire un euro plutôt que quelques centimes… Cela contribue à une invisibilisation qui ne vient plus du haut et qui serait voulue par le patronat, mais bien à une invisibilisation qui vient du bas, et qui est opérée par le travailleur lui-même, chacun souhaitant rester invisible aux yeux des autres.

On constate aussi parfois même des formes d’entr’exploitation c’est-à-dire de micro sous-traitance en cascade. Une personne peut accepter une micro-tâche un peu plus importante, comme retravailler un logo pour la somme de 3 $. Elle va l’émietter à son tour, et faire réaliser cette tâche graphique par trente personnes différentes en réalisant un bénéfice au passage. Chaque personne s’occupera d’une micro-tâche payée quelques cents comme changer une couleur, changer un vecteur, changer un pixel et ainsi de suite…

Ce climat de travail semble défavorable à la construction de solidarité, comment susciter chez les travailleur·euses digitaux une prise de conscience de leur intérêt commun et les amener à s’organiser pour défendre leurs droits sociaux ?

En réalité, le conflit social est loin d’être évacué et on constate déjà une prise de conscience, au niveau international, des travailleur·euses des plateformes. On peut ainsi immédiatement penser aux travailleurs de plateforme de travail à la demande très visibles comme Uber ou Deliveroo qui se battent pour cette reconnaissance. Les litiges, les revendications, les grèves, les créations de syndicats ou l’intégration de ces travailleur·euses dans les syndicats traditionnels se multiplient, tant en Europe qu’en Australie, en Amérique ou en Inde. Ensuite, dans le monde du microtravail, on constate aussi la création de guildes, de recours collectif, et la volonté de certains syndicats d’organiser les microtravailleurs. Enfin, dans la troisième famille de travailleurs du clic qu’est le travail social en réseau, on observe aussi une multiplication d’actions en justices et d’embryon de formes d’organisation. Par exemple, il y a de plus en plus d’appels à la grève sur Facebook ou à la formation de data unions c’est-à-dire de syndicats de créateurs de données sur les plateformes sociales. En 2015, il y a par exemple eu un recours collectif de plusieurs centaines de personnes dans l’État américain du Massachusetts qui ont cherché à se faire requalifier comme employé·es de Google parce qu’elles avaient utilisé recaptcha [Il s’agit de ces caractères que l’on doit reconnaitre pour valider un formulaire ou une inscription en ligne et qui sont en réalité extraits de livres numérisés que le système de reconnaissance optique de Google n’a pas réussi à identifier NDLR]. Elles estimaient avoir créé de la valeur en entrainant des algorithmes de reconnaissances textuelles pour Google sans avoir été rémunérées pour cela. Il y a donc énormément d’efforts d’organisation et une multiplication des conflits avec ces plateformes même si le contexte reste assez défavorable aux travailleurs pour l’instant.

Par ailleurs, on observe aussi des mouvements de type nouveau, comme le coopérativisme de plateformes. Celui-ci cherche à dépasser la conception capitaliste et prédatrice des plateformes actuelles et vise à créer un Twitter ou un Uber du peuple ! C’est-à-dire à inscrire les plateformes et les technologies numériques dans le contexte de l’économie sociale et solidaire et non plus exclusivement de se baser sur la captation de la valeur produite par ses utilisateurs. Il s’agit en somme d’une réactualisation de la grande tradition mutualiste des siècles passés qui propose aux usagers de ces plateformes d’en être les propriétaires et même les concepteurs. Même si ce mouvement se heurte aujourd’hui à pas mal de contradictions en interne, et lutte pour pouvoir trouver une manière de s’affirmer et ne pas se faire approprier par les plateformes capitalistes, c’est quelque chose d’extrêmement prometteur.

Antonio A. Casilli, En Attendant les robots, Enquête sur le travail du clic, Le Seuil, 2019

[Vidéo] Dans Hors Série (19 janv. 2019)

Je me suis entretenu pendant une heure et trente minutes avec la journaliste Laura Raim. La vidéo est disponible sur le site Hors Série (sur abonnement).

Les forçats du clic

Laura Raim

Je fais partie de cette catégorie de gens qui ont le permis mais qui ne savent plus conduire. A force de ne jamais pratiquer, je n’ai acquis aucun réflexe. Et plus le temps passe, plus j’ai peur de réesssayer. Je pense qu’on peut désormais parler de « blocage psychologique ». Vous imaginez donc la lueur d’espoir qu’ont suscitée les nouvelles sur l’arrivée imminente des voitures autonomes, qui promettaient de me délivrer de ce handicap un peu honteux.

Je ne lui en veux pas, mais Antonio Casilli a brisé ce rêve. Dans son ouvrage, En attendant les Robots. Enquête sur le travail du clic ( Seuil), le sociologue démonte implacablement le grand bluff idéologique du mythe du « grand remplacement technologique ». On découvre que l’intelligence artificielle est moins l’affaire d’une poignée de génies des mathématiques en blouse blanche confectionnant des supercalculateurs de 200 pétaflops dédiés au « deep learning », que de millions de « tâcherons » du numérique, « mélange de stagiaires français et de précaires malgaches », sous-payés pour à la fois entraîner, cadrer et fournir les ordinateurs en données fiables et utilisables. Ce ne sont pas en effet « les machines qui font le travail des hommes, mais les hommes qui sont poussés à réaliser un digital labor pour les machines ».

J’avais déjà eu un choc similaire en lisant le génial En Amazonie de Jean-Baptiste Malet, qui dévoilait les conditions de travail hallucinantes dans un entrepôt d’Amazon. De même que le journaliste rendait visible la réalité physique, sale et humaine, derrière l’image faussement virtuelle et désincarnée du numérique, Antonio Casilli fait apparaître l’exploitation très concrète qui se cache derrière l’abstraction des algorithmes, et met à jour l’intérêt stratégique d’alimenter le mensonge d’un inéluctable remplacement des hommes par les robots : empêcher l’organisation des prolétaires du numérique. Et moi je n’ai plus qu’à reprendre des heures de conduite.

Aux Ressources , émission publiée le 19/01/2019
Durée de l’émission : 76 minutes