amazon mechanical turk

Na revista Época (Brasil, 20 dez. 2020)

Boeing, Tesla, Mercedez-Benz e Toyota: empresas que estão abandonando ou reduzindo a robotização em suas fábricas e linhas de produção. Sobre este assunto, dei uma entrevista para a revista semanal brasileira Época.


O FREIO DAS MÁQUINAS NO MUNDO DO TRABALHO

Grandes indústrias repensam estratégia e voltam a colocar humanos em operações antes automatizadas

Rennan Setti

­ Foto: Montagem com fotos de Jeff J Mitchell / Getty Images; e Bill Diodato / Corbis still / Getty Images

A Boeing jogou a toalha. A fabricante americana abandonou neste ano seu ambicioso projeto de delegar apenas a robôs a fabricação das principais partes da fuselagem das aeronaves 777 e 777x . Baseado em tecnologia da Kuka Systems, o sistema que funcionava na fábrica em Everett, Washington, nos Estados Unidos, foi desenvolvido para representar o suprassumo da automação. Em substituição a ferramentas manuais, um exército de máquinas instalaria 60 mil rebites por aeronave, acoplando as placas de metal que formam a estrutura dos jatos em ritmo, harmonia e eficiência sem paralelos. Porém, faltou combinar com os parafusos: os robôs não conseguiam trabalhar com a sincronia necessária, provocando uma série de erros que precisavam ser corrigidos pelas mãos de mecânicos — cujo volume de horas extras explodiu diante da incompetência de seus colegas androides, segundo reportou o Seattle Times.

O aparente fracasso da Boeing em sua arrogância automatizada tem certo sabor de Schadenfreude — expressão alemã para a ideia de satisfação diante do infortúnio alheio — para trabalhadores de carne e osso, que deparam com previsões catastróficas sobre seu futuro empregatício diante da ascensão das máquinas nos meios de produção, a chamada Quarta Revolução Industrial. No ano passado, a venda de robôs atingiu o recorde de US$ 16,5 bilhões, com um crescimento de 6% no número de unidades produzidas, segundo a Federação Internacional de Robótica (FIR). Entre 2020 e 2022, o ritmo de avanço deve ser de 12%. No mundo, a indústria já emprega 99 robôs para cada 10 mil operários, 34% a mais que em 2016. Em Cingapura e na Coreia do Sul, a quantidade é de 831 e 774, respectivamente, a cada 10 mil.

Um robô em linha de montagem de uma fábrica da Nissan, em Resende, no Rio de Janeiro. No Japão, a Toyota anunciou em 2014 a substituição de algumas máquinas por humanos. Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP

Um robô em linha de montagem de uma fábrica da Nissan, em Resende, no Rio de Janeiro. No Japão, a Toyota anunciou em 2014 a substituição de algumas máquinas por humanos. Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP

Alguns movimentos sugerem, contudo, que a robotização desenfreada pode ter pela frente um caminho acidentado antes de confirmar sua supremacia. A despeito das proclamadas proezas da inteligência virtual, as máquinas ainda enfrentam dificuldades para se adaptar a uma economia que depende cada vez mais de produtos e serviços customizáveis e complexos.

Os sinais surgiram primeiro na indústria automobilística, justamente aquela cuja explosão à época do fordismo foi definida por uma automatização que aproximava o trabalho humano daquele de um robô. A Toyota, cujo sistema de produção definiu o capitalismo nas últimas décadas, anunciou em 2014 que substituiria algumas de suas máquinas por seres humanos no Japão, um dos países mais robotizados do planeta. A estratégia da montadora era garantir que os empregados entendessem, de fato, o trabalho e, no longo prazo, obter processos mais eficientes. Naquele momento, os seres humanos conseguiram reduzir em 10% o desperdício nas linhas de montagem. Em 2016, a Mercedes-Benz seguiu os passos da japonesa, alegando que os robôs não davam conta da complexidade e do nível de customização que a fabricante deseja oferecer em seu luxuoso Classe S.

No ano passado, quem deu um passo atrás foi a americana Tesla, cujas fábricas de veículos elétricos estavam entre as mais automatizadas do mundo. Pressionada pelos investidores pela lentidão na produção do carro Model 3, a aposta da companhia para ampliar sua clientela para a classe média, o fundador Elon Musk culpou a robotização da linha de produção pelo problema. Para acelerar o processo, decidiu contratar mais trabalhadores. “A automação excessiva na Tesla foi um erro. Meu erro, para ser mais preciso. Humanos são subestimados”, admitiu Musk. Karla Figueiredo, do Laboratório de Inteligência e Robótica Aplicadas (Lira), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ponderou que, apesar desses casos, não há uma tendência generalizada de frear a automação nas linhas de montagem. Segundo ela, o mais provável é que essas companhias tenham refletido sobre os resultados práticos da automação em suas operações e promovido ajustes. “Embora elevem a produtividade, os robôs são menos maleáveis. Quanto maior a especificidade e a necessidade de ajuste dos produtos, mais difícil e caro fica adaptá-los”, explicou.

Um empregado ajusta o tamanho de um braço de um robô no centro de pesquisa de uma fábrica em Chemnitz, na Alemanha. A robotização desenfreada tem sido revista em empresas como a Boeing. Foto: Ute Grabowsky / Photothek / Getty Images

Um empregado ajusta o tamanho de um braço de um robô no centro de pesquisa de uma fábrica em Chemnitz, na Alemanha. A robotização desenfreada tem sido revista em empresas como a Boeing. Foto: Ute Grabowsky / Photothek / Getty Images

Em alguns casos, de fato, o imperativo da automação atropela as reais necessidades da companhia, que acaba automatizando por automatizar, observou Giovani Ortiz, sócio da consultoria Ernst & Young no Brasil. Em 2005, uma indústria paulista de linha branca abarrotou sua fábrica com sensores inteligentes e acabou acrescentando a sua produção uma complexidade com a qual não sabia lidar. “Nesse caso, a solução foi eliminar esses sensores, reduzir a automação e simplesmente deixar que pessoas apertassem o botão. Isso aumentou drasticamente a produtividade”, afirmou Ortiz, sem revelar a marca. Ele lembrou que as empresas não precisam atingir o nível máximo de automação para capturar os benefícios desse processo. “A robotização entrou na moda, e, como em um boom, todo mundo fez. Mas ganho real é outra coisa. O ganho de produtividade não necessariamente vem só da máquina”, disse Cayan Saavedra, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Saavedra não é nenhum cético quanto ao potencial da automação. Ele foi um dos responsáveis por um estudo da Universidade de Brasília (UnB) que atesta que 30 milhões de empregos, ou 54% dos postos formais no Brasil, correm o risco de ser substituídos por robôs até 2026. Mas Saavedra acredita que, mesmo com o avanço das máquinas e da inteligência artificial sobre tarefas cognitivas, a tendência é que os humanos seguirão sendo competitivos no longo prazo. “A vantagem humana em termos de adaptação, de criação de hipóteses, permanece. Steve Jobs criou o iPod sem pesquisa de mercado ou ajuda de robôs, por exemplo”, lembrou o pesquisador, cujo trabalho foi capitaneada pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações (Lamfo) da UnB.

Gravura de Wolfgang von Kempelen (1734-1804), inventor húngaro conhecido como O Turco, criou uma “máquina” de jogar xadrez que enganou toda a nobreza europeia no século XVIII. Foto: Universal History Archive / Universal Images Group / Getty Images

Gravura de Wolfgang von Kempelen (1734-1804), inventor húngaro conhecido como O Turco, criou uma “máquina” de jogar xadrez que enganou toda a nobreza europeia no século XVIII. Foto: Universal History Archive / Universal Images Group / Getty Images

O aparente passo atrás dado por algumas indústrias também se manifesta no Zeitgeist cultural, como capturou o jornalista canadense David Sax no livro A vingança dos analógicos: por que os objetos de verdade ainda são importantes(Anfiteatro, 2017). A obra busca entender o que motiva a prosperidade de produtos e métodos do passado, como o vinil, os jogos de tabuleiro e o próprio papel, em uma economia digitalizada. Para ele, a chave da resposta está em uma barreira intransponível: os seres humanos são feitos de carne e osso. “Por mais que a tecnologia avance e promova mudanças nos métodos de produção, a realidade é que somos todos humanos em um mundo físico. Esse toque humano seguirá sendo necessário, já que os consumidores entendem que a combinação dessas duas dimensões, a digital e a analógica, resulta em algo mais interessante. Não existe dogma nesse caso: as duas têm seu papel”, afirmou Sax, que também é conhecedor da música brasileira e brinca que, quando o assunto é Carnaval, “a música eletrônica jamais seria capaz de substituir a batucada da Mangueira ou do Salgueiro”.

Antonio A. Casilli, autor de En attendant les robots (Esperando os robôs, em tradução livre), conta que o impulso rumo à automação é cíclico na história. Já no início do século XIX, o economista britânico David Ricardo, um dos pais da teoria econômica clássica, falava da tentação humana em utilizar máquinas com a ilusão de poder substituir totalmente o empregado. Quase dois séculos depois, em 1995, o americano Jeremy Rifkin traçou uma crítica um quê apocalíptica com O fim dos empregos. Em 2013, pesquisadores de Oxford previram que a automatização ameaça destruir 47% dos empregos. Segundo Casilli, que é professor da influente escola francesa Télécom Paris, as empresas que decidiram reduzir a automação em sua linha de montagem não deram um passo atrás, porque os humanos nunca vão sumir do processo produtivo. Segundo sua análise, os trabalhadores humanos acabam “escondidos” por um misto de terceirização, “gig economy” (economia do bico) e redes de microtrabalho digital.

As consequências da Quarta Revolução Industrial, de acordo com sua crítica, são a perda de direitos e a precarização do trabalho. “As chamadas tecnologias autônomas não são, na realidade, autônomas. Elas dependem de um intenso volume de trabalho humano, pessoas que recebem alguns centavos para realizar microtarefas com o objetivo de alimentar e treinar a inteligência artificial, como se a IA fosse uma espécie de animal. É o que chamo de ‘digital labor’”, disse Casilli.

“‘EMBORA ELEVEM A PRODUTIVIDADE, OS ROBÔS SÃO MENOS MALEÁVEIS. E QUANTO MAIS ESPECIFICIDADE TÊM OS PRODUTOS E MAIOR NECESSIDADE DE AJUSTE, MAIS DIFÍCIL E CARO FICA ADAPTÁ-LOS’, EXPLICOU A PESQUISADORA KARLA FIGUEIREDO, DA PUC-RIO”

A mais famosa das plataformas de microtrabalho é a Mechanical Turk, da Amazon. Seu nome é inspirado em uma máquina “inteligente” criada no fim do século XVIII e que prometia jogar xadrez sozinha. Ao longo de décadas, a engenhoca desafiou os melhores jogadores de seu tempo, batendo até personalidades como Napoleão Bonaparte e Benjamin Franklin. Na realidade, porém, a Mechanical Turk era uma fraude, pois escondia embaixo de sua estrutura grandes mestres de xadrez de carne e osso.

Na Mechanical Turk de Jeff Bezos, os grandes mestres são internautas, muitas vezes em países em desenvolvimento, que concordam em passar o dia realizando pequenas tarefas digitais, como identificar objetos em imagens, em troca de alguns centavos de dólar. No mês passado, o jornalista Andy Newman contou no jornal New York Times sua experiência na plataforma: após oito horas de um trabalho repetitivo, o repórter ganhou frustrantes US$ 7,83. “A Mechanical Turk é a plataforma mais conhecida de digital labor, mas há alternativas chinesas e australianas que são muito mais relevantes. A precarização fica clara na forma como elas atraem internautas em países pobres. A Venezuela, por exemplo, está se transformando em um celeiro desse digital labor por causa da crise”, explicou Antonio Casilli, em entrevista a ÉPOCA.

Em um momento político no qual os temas do privilégio e da desigualdade ganharam proeminência, um exemplo recente de digital labor gerou críticas na imprensa francesa. Dezenas de robôs se tornaram o xodó dos alunos da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Os chamados kiwibots circulam por todo o campus entregando fast-food e bebidas, mas são, na verdade, carrinhos de controle remoto, guiados à distância por colombianos que recebem US$ 2 por hora pelo serviço. “As pesquisas mostram que, conforme a inteligência artificial avança, mais trabalho humano é necessário para suportá-la. É um paradoxo semelhante à expressão francesa que diz que, quanto mais queijo houver, mais buraco haverá”, afirmou Newman. Apesar das perspectivas incertas, ele se diz otimista: “Está havendo uma conscientização dos trabalhadores, com empregados da ‘gig economy’ reclamando direitos, por exemplo. Acredito que essas lutas vão levar, por meio do conflito, à melhora das condições”.

Sur Les Jours (12-28 févr. 2019)

Sur magazine en ligne Les Jours Sophian Fanen lance une nouvelle série d’enquêtes intitulée Working Class Robot. Le premier épisode porte sur les travailleurs invisibles de l’IA, traité dans mon ouvrage En attendant les robots (Ed. du Seuil, 2019). Le deuxième, explique le fonctionnement de l’entraînement des intelligences artificielles. Le troisième, propose une interview avec Votre Dévoué et Jean-Louis Dessalles, professeur en informatique à Télécom ParisTech. En voilà quelques extraits.

« L’intelligence artificielle s’attaque au propre de l’être humain : son cerveau »


Les recherches d’Antonio Casilli et de Jean-Louis Dessalles, tous deux enseignants à l’école d’ingénieurs Telecom ParisTech, n’étaient pas faites pour se croiser. Le premier, maître de conférences en humanités numériques, travaille principalement sur le digital labor, c’est-à-dire le travail plus ou moins volontaire des internautes dont les grandes plateformes comme Google, Amazon ou Facebook tirent un profit technique et financier : liker une page, écouter de la musique en streaming, diffuser ses photos en ligne ou carrément réaliser des tâches rémunérées sur une plateforme de microtravail comme Amazon Mechanical Turk. C’est ce que raconte son ouvrage En attendant les robots sorti il y a peu, qui pointe aussi comment cette armée de travailleurs éparpillés et invisibilisés permet à ces mêmes plateformes de vanter leurs intelligences artificielles qui ne pourraient pourtant pas fonctionner aujourd’hui sans travail humain pour les corriger et les tester.

C’est sur ce point que le travail d’Antonio Casilli se connecte aujourd’hui avec le livre publié par Jean-Louis Dessalles, Des intelligences très artificielles. Informaticien, chercheur en intelligence artificielle et en sciences cognitives, ce dernier y raconte avec des mots simples les grandes découvertes qui ont marqué la construction de machines capables d’actions autonomes. Surtout, il pointe comment de nombreux chercheurs avant lui ont trop fantasmé un futur proche où les ordinateurs seraient réellement intelligents, allant jusqu’à dépasser l’homme. À la place, Jean-Louis Dessalles et Antonio Casilli proposent de revenir à la réalité pour se poser les bonnes questions sur ce que nous pouvons et voulons faire avec les machines que nous construisons. Antonio Casilli — Vidéo Sébastien Calvet/Les Jours.

Est-ce la première fois que des études sur le travail et sur l’intelligence artificielle se rejoignent sur le constat que l’humain ne sera pas remplacé par les machines ?

Antonio Casilli : Nos deux ouvrages vont dans le même sens et on l’a découvert au fur et à mesure, car on n’a pas travaillé ensemble. Ce qui nous rapproche, c’est que l’on dit tous les deux que rien n’est certain. On introduit un élément de doute, on dit que l’automation entraînée par l’intelligence artificielle a des aspects positifs. Qu’elle nous oblige à nous interroger sur la nature de ce processus d’automation. Que vise-t-il ?

(…)

A. C. : Un autre aspect important de cette question, c’est qu’au siècle passé, l’automatisation se concentrait sur la force brute. On remplaçait des gestes. L’IA propose aujourd’hui de déléguer à des machines la capacité à apprendre et à communiquer. C’est là que cette automation est différente. On est en train de répartir la responsabilité de la production de la valeur entre les machines et les humains.

(…)

A. C. : Mais le sens commun est nécessaire aux machines, car c’est une façon d’harmoniser leurs décisions avec nos cultures humaines. De faire en sorte que leurs résultats soient cohérents avec ce que nous attendons. Ça commence par la langue que la machine parle, par exemple. Aujourd’hui, le digital labor [notamment le travail humain via des plateformes comme Amazon Mechanical Turk, ndlr] est une manière d’injecter du sens commun dans une intelligence artificielle qui en manque. Dans le film The Moderators, on voit un formateur expliquer à des modérateurs indiens qui vont devoir traiter des milliers d’images problématiques publiées sur un réseau social qu’ils doivent « juger la donnée ». La juger sur la base des indications du client, mais aussi à partir de leur sens commun, lequel dépasse leurs valeurs puisqu’ils sont très croyants. C’est très complexe et extrêmement simple en même temps, parce que c’est humain. C’est une compétence accessible à des chômeurs non diplômés après quelques heures de formation, mais pas à une intelligence artificielle. Ant

(…)

A. C. : Il n’y a pas de données réellement brutes. Même dans une base d’images comme ImageNet, on a besoin d’avoir le bon format, le bon cadrage, la bonne lumière… Une standardisation qui fait en sorte que ces données sont exploitables.

(Poursuivre la lecture)

100 milioni di microlavoratori e… 4 miliardi di operai del click (Il Manifesto, Italia, 27 genn. 2018)

Nell’edizione del 27 gennaio 2018 de Il Manifesto, l’inserto settimanale Alias ospita una dossier assai completo su lavoro, piattaforme e nuove prospettive dell’azione politica in cui compare un mio lungo articolo intitolato Sulle piattaforme digitali siamo tutti operai del click. Fra le altre firme presenti in occasione dell’uscita di “Forza Lavoro”, il nuovo libro di Roberto Ciccarelli, ritroviamo Ippolita, Toni Negri, Valerio De Stefano, Tiziana Terranova.

Lessons from Amazon’s Italian hub strike: industrial action that does not factor in both work AND data is doomed to be ineffective

On Nov 24, 2017, the three main Italian unions (CGIL, CISL, UIL) have called for a strike over the failure to negotiate Black Friday bonuses for the 1,600 permanent workers at the distribution hub near the Northern town of Piacenza. Unions say 50% of the workers partake in the strike. Amazon says it was more like 10%.

Bottom line: the strike did not stop Black Friday in Italy. Someone was working. Yet, according to several sources, it was not not permanent workers, but the 2,000 temps that Amazon recruited until Xmas who saved the day. They were not hired to replace striking workers. Even in Italy, this would be illegal. They were hired to face Nov./Dec. surge in retail sales. And of course they did not stop working on Black Friday 2017. That said, Amazon is known internationally for its brutal workplace discipline, its anti-labor stance, and has been accused of hiring temps, contingent workers and even workampers to edge out unionized labor force.

In Italy, one can recruit a lot of those. Unemployment is at 11.1% and there’s a millions-strong industrial reserve army of faux-freelance, part-timers, “coordinated collaborators”, “project-contractors”, “leased staff” and many other forms of non-standard employees. Especially since the infamous Jobs Act heralded by the government of former PM Matteo Renzi, among young workers temp jobs accounts for 50% of employment and they are up 7% since Sept 2017.

But Italian retail workers and their strike tell only part of the story. Amazon isn’t about e-commerce: it’s about big data. Interestingly, Matteo Renzi’s government has been very helpful in facilitating the strategy of “data entryism” of the Seattle giant, going as far as to hire Amazon’s former vice-president and now-biggest employee shareholder of the platform as “Commissioner for Digital Italy”. He’s doing this for free, and you know what they say when you’re not paying for something…

Which brings us to the main point. Amazon strategy is predicated on data and work. Even better: it is predicated on data-as-work, because it extracts value from the data stored in its humongous cloud and hosting services, and because it uses people-as-a-service (according to Jeff Bezos’s early characterization of Amazon Mechanical Turk) to train, enrich, refine data.

Btw, do you wanna know what the new Italian Digital Commissioner considers as a success story for digital transformation? The controversial Indian biometric ID system… And do you know where 36% of Amazon Mechanical Turkers live? India… (Here’s the interview [in Italian] where the Digital Commissioner talks about Indian ID system while at the same time declaring that “he misses Amazon so much”).

Take-away message: Amazon corporate takeover of Italy is as much a matter of labor policy as it is of data politics. As long as the unions continue to focus on the former while neglecting the latter, their action is doomed to be ineffective. Case in point: after dominating Black Friday sales, Amazon’s shares are up 2% and Jeff Bezos is still world’s wealthiest man. So Amazon Italia just gave a giant middle-finger to workers by cancelling the meeting with unions and rescheduling it for after Xmas…

[Video] Lavoro e capitalismo delle piattaforme (Roma, Italia, 7 nov. 2017)

Il 7 novembre 2017, ho condotto un seminario-fiume (4 ore e più) nell’ambito della Scuola critica del digitale, una iniziativa del Centro per la Riforma dello Stato (CRS) in collaborazione con le Camere del lavoro autonomo e precario (CLAP). Il seminario si è svolto a Roma nello spazio autogestito Esc Atelier. Qui di seguito le cinque parti del video ritrasmesso in streaming.

Interventi di Francesco Raparelli (Esc) e Giulio De Petra (CRS). Seminario: piattaformizzazione.

Seminario: Lavoro on-demand, micro-lavoro, lavoro sociale in rete.

Seminario: Azione sindacale in rete, cooperativismo delle piattaforme.

Confronto con i partecipanti (1)

Confronto con i partecipanti (2)

Lavoro e capitalismo delle piattaforme
con Antonio Casilli

L’attenzione crescente di chi studia, per modificarle, le nuove forme che assume il lavoro si rivolge sempre più spesso alle attività quotidiane di miliardi di utilizzatori di servizi online le quali, pur sfuggendo a un inquadramento salariale, sono produttrici di valore. Per un numero crescente di lavoratori, di semi-professionisti, di persone in cerca di impiego, di semplici utilizzatori, il lavoro passa dalle piattaforme digitali.
Al centro dell’attenzione è la capacità di queste grandi infrastrutture tecnologiche di comandare non solo il lavoro esplicito e frammentato di quote crescenti di lavoratori sempre più precarizzati, dalla logistica alla produzione intellettuale, ma anche il ‘lavoro implicito’ più o meno volontario e gratuito degli utilizzatori, spesso strumentalizzando a fini commerciali concetti come ‘condivisione’, ‘partecipazione’, ‘collaborazione’.
Dalla fornitura di servizi (come su Foodora) alla creazione di contenuti (come su Youtube), dalla produzione di dati (come su Google) al perfezionamento di sistemi di intelligenza artificiale (come su Amazon Mechanical Turk), queste nuove forme di “lavoro digitale” sono spesso invisibili e presentate come attività accessorie rispetto al lavoro tradizionale. Eppure esse incanalano, contrattualizzano e misurano la performance degli utilizzatori umani e li articolano con operatori non umani (bots, intelligenze artificiali, etc.).
Ma generano anche nuovi conflitti sociali legati, ad esempio, al riconoscimento delle condizioni di produzione e della proprietà sui prodotti distribuiti per mezzo di Internet.
Di fronte allo strapotere di nuove e vecchie piattaforme, un numero crescente di rivendicazioni collettive si organizza e si manifesta.
Rinnovo del sindacalismo, nuove iniziative della società civile, altri movimenti: si sta avviando una nuova stagione di lotte sociali legate ai diritti fondamentali, alla redistribuzione del reddito e ai rapporti di potere connessi alle tecnologie digitali.

Indice degli argomenti

• L’analisi delle nuove forme di organizzazione sociale legate all’utiizzo delle piattaforme.
• L’analisi delle diverse forme di impiego generate dall’utilizzo delle piattaforme
• La descrizione e l’analisi delle diverse modalità di lavoro esplicito ed implicito realizzato mediante le piattaforme
• L’emersione e la convergenza dei conflitti generati e abilitati dall’uso delle piattaforme
• La descrizione di scenari per il “futuro del lavoro”
• La progettazione dell’azione militante

 

Qui la presentazione del seminario in PDF

Linkiesta (Italie, 2 juin 2017)

La giornalista Lidia Baratta pubblica sul sito di informazione Linkiesta una sintesi dettagliata del mio intervento al Jobless Society Forum della Fondazione Feltrinelli di Milano.

Siamo già nell’era del microlavoro (e non è una buona notizia)

Dietro assistenti virtuali, intelligenze artificiali e pagine Facebook da centinaia di migliaia di like si nascondono microlavoratori situati per lo più in Paesi emergenti e pagati anche 1 centesimo di dollaro per task. Casilli (ParisTech): “Siamo davanti a un vero mercato del lavoro a cottimo”

2 Giugno 2017 – 08:02

Trascrivere scontrini, riconoscere il cielo e le montagne in un’immagine, risolvere un captcha, scaricare un videogame. Se le tecnologie e le intelligenze artificiali non sostituiranno del tutto i lavoratori, di certo hanno già creato un mercato del lavoro parallelo fatto di “microlavoratori”. È quello che ha sostenuto Antonio Casilli, professore associato di Digital Humanities al Telecommunication College of the Paris Institute of Technology, nel suo intervento nel corso del Jobless Society Forum della Fondazione Feltrinelli a Milano. Operai digitali, delocalizzati per lo più tra India, Bangladesh e Nepal, vengono ingaggiati per realizzare davanti a un computer o allo schermo di uno smartphone micromansioni pagate anche un centesimo di dollaro per ogni “task”. Sono i lavoratori umani invisibili che alimentano e “allenano” le intelligenze artificiali, le app e gli assistenti virtuali di cui ci serviamo ogni giorno. Una nuova era digitale del lavoro a cottimo, che vale fino 400 milioni di dollari (il mercato dell’online outsourcing tra freelance e microworker vale in totale 4,8 miliardi di dollari, destinato a crescere – secondo la Banca mondiale – fino a 15-25 miliardi di ricavi entro il 2020).

Il ragionamento è semplice: se serve un sistema che identifichi automaticamente i cani nei video di YouTube, ci deve essere prima un umano che mostri all’intelligenza artificiale cos’è e che forma ha un cane, taggando milioni di foto di cani. Taggare milioni di foto di cani così diventa un lavoro. Le competenze richieste sono basse, la creatività pure, e il salario lo è ancora meno.

Gli stessi assistenti virtuali come Siri di Apple, Cortana di Microsoft o Alexa di Amazon sarebbero (ancora) più stupidi senza il lavoro umano che si nasconde dietro. Le intelligenze artificiali, insomma, non sono nate già così intelligenti. Così come i consigli azzeccati di Amazon sulle sneakers che potrebbero piacerci mentre compriamo un pantalone: dietro c’è un database “compilato a mano” da uomini che hanno memorizzato tipologie, marche, colori e anno di produzione di migliaia di altre sneakers.

Facebook, da parte sua, non ha mai nascosto la presenza di esseri umani dietro il suo assistente virtuale “M”. E anzi, l’ha trasformata in argomento di distinzione rispetto ai concorrenti. L’intelligenza artificiale di casa Zuckerberg risponde “in tandem” con gli umani, è controllata dagli umani e continuamente “alimentata” da loro attraverso la produzione di dati in modo da renderla più evoluta. Quando si fa una domanda, M lavora per capire cosa abbiamo chiesto e formula una risposta, ma prima aspetta l’ok dei “trainer” umani. Così quando parliamo con una chat bot non sappiamo mai se dietro c’è un software o una persona che si trova a San Francisco, Milano o Dhaka.

«L’effetto dell’intelligenza artificiale sul lavoro non è la grande sostituzione dei lavoratori con delle intelligenze artificiali, ma la sostituzione del lavoro formale con micro-lavoro precarizzato e invisibilizzato», spiega Antonio Casilli. «Nonostante si parli di micro-lavoro, siamo davanti a un vero mercato del lavoro e non a un fenomeno di nicchia, con veri e propri annunci di lavoro».

L’effetto dell’intelligenza artificiale sul lavoro non è la grande sostituzione dei lavoratori con delle intelligenze artificiali, ma la sostituzione del lavoro formale con micro-lavoro precarizzato e invisibilizzato

Antonio Casilli, Telecommunication College of the Paris Institute of Technology

Per avere un panorama delle offerte dei microlavori digitali offerti, basta andare su Amazon Mechanical Turk, la piattaforma creata da Amazon in cui aziende e sviluppatori comprano intelligenza umana per le loro applicazioni. Il nome stesso del sito nasce da “il turco”, un automa creato nel 18esimo secolo che avrebbe dovuto simulare un giocatore di scacchi ma che in realtà era manovrato da un giocatore umano all’interno. La metafora c’è tutta. Se un’azienda ha bisogno di trascrivere delle fatture, classificare immagini o inserire dati, si rivolge al lato umano di Amazon reclutando migliaia di microworker per realizzare altrettante microtask.

Ma quando si fa un giro tra gli annunci di lavoro del sito, il lato umano si vede un po’ meno. Per un centesimo di dollaro si chiede ad esempio di collezionare indirizzi email tramite i canali di YouTube e risolvere i relativi captcha. Per 5 centesimi la mansione richiesta è di scrivere cosa si vede nelle immagini di vecchie cartoline. Per la stessa paga si possono classificare alcune immagini. Ma ci sono anche i lavori offerti per zero centesimi, come la trascrizione delle cifre della console di un un tapis roulant.

Amazon

Gli annunci su Amazon Mechanical Turk

Taggare milioni di foto di cani diventa un lavoro. Le competenze richieste sono basse, la creatività pure, e il salario garantito lo è ancora meno. Nei Paesi in cui lo stipendio medio è di 20-30 dollari al mese, lavori a 1 centesimo di dollaro per task possono essere interessanti

Mecahnical Turk conta intorno ai 500mila utenti. Ma ci sono giganti come Upwork, che arrivano fino a 12 milioni di iscritti e 750 milioni di ricavi (nel 2013). Per una paga di 20 dollari, ad esempio, viene chiesto di trascrivere in un documento di testo il contenuto di 31 foto. In Cina, principale player nel mondo dei microlavori, domina Zhubajie, con 15 milioni di iscritti. Accanto alle ricerche di freelance per comporre il menù di un ristorante di ramen o il logo di un blog in giapponese, per un budget di 50 dollari viene chiesto di testare la qualità video e audio di alcune app da computer e smartphone, comunicando quante volte si blocca il video e quante volte salta l’audio. Gli altri nomi di piattaforme per freelance e microlavoratori sono Freelancer (22 milioni di iscritti), Taskcn (10 milioni), Crowdsource (8 milioni), Witmart (7 milioni), Care (6,6 milioni), Crowdflower (5 milioni), Epweike (oltre 3 milioni), Fiverr (3 milioni), 99designes (1,35 milioni), Microworkers (873mila) e Clickworker (800mila).

Mettendo insieme tutte le piattaforme, si superano i 100 milioni di lavoratori. Una fetta importante della forza lavoro. Che a fine mese si vede poi recapitare una microbustapaga con la lista di tutte le task realizzate e il compenso ottenuto. Secondo i calcoli della Banca mondiale, la maggior parte dei lavoratori di Amazon Mechanical Turk lavora 10-20 ore a settimana, guadagnando circa 80 dollari al mese. Le ore lavorate dipendono dal tipo di lavoro disponibile. Ma molti full time, in ogni caso, arrivano a 20-40 ore a settimana per uno stipendio di 200-750 dollari al mese. La paga media oraria è di 2-3 dollari. I lavoratori con più esperienza possono arrivare al massimo a 6-8 euro. Solo per le task più qualificate, dagli sviluppatori ai data scientist, si possono toccare i 3mila euro al mese. Ma i microlavori non richiedono alcun tipo di competenza specifica e anche il titolo di studio tra chi svolge queste mansioni è più basso rispetto ai classici freelance: il 38% ha una laurea contro il 75% dei freelance.

La domanda è: chi è disposto a lavorare per pochi centesimi a mansione? «Nei Paesi in cui lo stipendio medio è di 20-30 dollari al mese, lavori come questi possono essere interessanti», dice Casilli.

Upwork

Un’offerta su Upwork

Zhubajie

Un’offerta su Zhubajie

Ma Amazon non è l’unico gigante a essersi dotato di un mercato interno di microlavoro. Anche Microsoft ha la sua piattaforma di annunci: si chiama Uhrs. Per due centesimi di dollaro viene chiesto di decidere se una pagina web è per adulti o no, per sei centesimi se un tag è rilevante o no per la ricerca di una certa pagina. IBM ha creato invece MightyAI. Lo slogan è: “The tools you need to generate training data”. Le mansioni consistono nello stabilire in che lingua è scritto un certo testo o nell’identificare gli oggetti presenti nelle immagini. Tutto con uno scopo: allenare le intelligenze artificiali. Il digital labour, umano, è l’ingrediente segreto.

In alcuni casi, poi, il pagamento può essere in natura, ma digitale. È quello che fa ad esempio il colosso mCent, 30 milioni di utenti diffusi in 93 Paesi. La mansione in questo caso è provare e debuggare determinate app partner. In cambio si ricevono dati da consumare all’interno di altre app. Un modo per avere Internet gratis, insomma.

«Assistiamo a un vero processo di cottimizzazione del lavoro per task. Si viene pagati in quanto cliccatori di task», spiega Antonio Casilli. E il mercato non finisce qui. «Esiste poi l’enorme economia dei clic». Accanto ai social network è nata una vera e propria economia parallela con portali in cui si vendono clic a pagamento. E chi c’è dietro i clic? Ancora folle di microworker. «Chi si fa pagare per condividere e likare certe pagine è situato fisicamente in quelle che vengono chiamate “click farm”». O anche “like farm”. Fabbriche dei clic segretissime, dove gli operai digitali a turno cliccano su alcuni link o mettono mi piace ad alcune pagine Facebook. In Rete si trovano immagini e video di questi stanzoni pieni di computer o smartphone. Channel 4 è riuscita a entrare in una click farm di Dhaka, dove per 3 dollari si comprano mille like di Facebook. E i lavoratori giorno e notte cliccano sulla pagina di siti che non hanno scelto, con una paga di un millesimo di dollaro per clic. Lo scopo è manipolare le statistiche dei social media, collezionare quanti più accessi o condivisioni o far salire una app nei ranking di iTunes. Una frode, in teoria. «Ma ogni Paese nega la presenza delle click farm sul proprio territorio e dice che si trova in quello accanto», commenta Casilli.

Clickfarm

Una click farm in Cina

L’Oxford Internet Institute ha mappato il microlavoro nel mondo. I Paesi con la più alta concentrazione di microlavoratori sono Filippine, India, Bangladesh e Pakistan. E anche se si guarda al mercato dei clic, la distribuzione geografica è più o meno la stessa. I maggiori Paesi acquirenti sono Usa, Canada, Australia e gran Bretagna. I Paesi che li producono Pakistan, Filippine, Nepal, Hong Kong, India, Cina, Bangladesh. In alcuni casi si è anche riusciti a identificare la sorgente dei clic, con scoperte esilaranti. «Da una ricerca che abbiamo condotto, è venuto fuori che la maggior parte dei fan che hanno messo like alla pagina Facebook di Donald Trump viene da Filippine e… Messico», dice Casilli. «Se guardiamo la geografia di questi lavoratori, ci si rende conto che non sono sempre accanto a noi. Al contrario, la maggioranza dei microworker è situata in Paesi in via di sviluppo o Paesi emergenti». Dove sono allettanti anche paghe orarie che in Occidente non vengono prese in considerazione.

OOI

La geografia del microlavoro (Source: Oxford Internet Institute)

Oii2

Chi compra e chi vende clic nel mondo (Source: Oxford Internet Institute)

Senza dimenticare che ognuno di noi, nel suo piccolo, è un microworker invisibile che lavora per allenare le intelligenze artificiali fornendo loro i dati di cui si cibano. Prendiamo Google Translate: se ci propone una traduzione che non ci piace, veniamo invitati a suggerire la nostra versione. Google registra la nostra traduzione e immagazzina. Così abbiamo lavorato per Mountaine View. Google Search, allo stesso modo, viene allenato dalle nostre ricerche a suggerire quelle più pertinenti.

Ma non sempre questo meccanismo fila liscio come l’olio. Nel caso di reCAPTCHA di Google, ad esempio, fino a qualche tempo fa per recuperare una password bisognava provare di non essere un robot trascrivendo le parole indicate. Parole che poi venivano a loro volta immagazzinate e usate per gli algoritmi di Google Books destinati al riconoscimento testuale dei libri. Lavoro gratuito, insomma. Tanto che Mountain View ha subito anche una class action per frode in Massachussets da parte di un gruppo di utilizzatori di reCaptcha, che volevano essere riconosciuti come lavoratori salariati. La seconda parola richiesta, dicevano gli avvocati, non è finalizzata alla sicurezza ma va solo a beneficio del business di Google che si avvantaggia del lavoro di trascrizione gratuito. Google intanto ha abbandonato il sistema, chiedendo un solo clic per identificarsi come umani. Ma intanto il giudice federale ha respinto la causa, sostenendo che l’eventuale danno non supera il vantaggio, poiché il lavoro di trascrizione gratuito aumenta la precisione di altri servizi gratuiti come Google Map e Google Books. Una sentenza che fa scuola. Siamo destinati a essere microlavoratori. Con la differenza che quello che i microworker in Bangladesh fanno per uno o due centesimi, noi lo facciamo gratuitamente. Buon lavoro.

[Séminaire #ecnEHESS] Mary L. Gray “Amazon MTurk: les coulisses de l’intelligence artificielle” (10 avril 2017, 17h)

Enseignement ouvert aux auditeurs libres. Pour s’inscrire, merci de renseigner le formulaire.

Pour la séance du 10 avril 2017 EHESS Etudier les cultures du numérique, nous avons l’honneur d’accueillir Mary L. Gray, chercheuse chez Microsoft Research et membre du Berkman Center for Internet and Society de l’Université Harvard. Mary Gray a été l’une des pionnières des études sur Amazon Mechanical Turk et sur les liens entre micro-travail et intelligence artificielle.

Pour suivre le séminaire sur Twitter : hashtag #ecnEHESS.

ATTENTION : Le siège habituel étant fermé pour les vacances universitaires, cette  séance se déroulera le lundi 10 avril 2017, de 17h à 20h, amphi Opale, Télécom ParisTech, 46 rue Barrault, 13e arr. Paris.

Title: What is Going On Behind the API? Artificial Intelligence, Digital Labor and the Paradox of Automation’s “Last Mile.”

Speaker: Mary L. Gray

Abstract: On-demand digital labor has become the core “operating system” for a range of on-demand services. It is also vital to the advancement of artificial intelligence (AI) systems built to supplement or replace humans in industries ranging from tax preparation, like LegalZoom, to digital personal assistants, like Alexa. This presentation shares research that starts from the position that on-demand “crowdwork”—intelligent systems that blend AI and humans-in-the-loop to deliver paid services through an application programming interface (API)—will dominate the future of work by both buttressing the operations of future enterprises and advancing automation. For 2 years Mary L Gray and computer scientist Siddharth Suri have combined ethnographic fieldwork and computational analysis to understand the demographics, motivations, resources, skills and strategies workers drawn on to optimize their participation in this nascent but growing form of employment.  Crowdwork systems are not, simply, technologies. They are sites of labor with complicated social dynamics that, ultimately, hold value and require recognition to be sustainable forms of work.

La présentation et les débats se dérouleront en anglais.


Séminaire organisé en collaboration avec ENDL (European Network on Digital Labour).

Qui entraîne les IA et les drones ? Les internautes (Le Figaro, 22 mars 2017)

Dans Le Figaro no. 22586, en kiosque le mercredi 22 mars 2017, un article sur les liens entre digital labor et l’intelligence artificielle.  L’enquête est née des échanges entre la journaliste Elisa Braün, Mark Graham (Oxford Internet Institute) et moi-même.

 

Les internautes travaillent aussi pour les géants du Web
Braun, Elisa

Chez Google, il n’y a pas de petites économies. Un internaute veut changer son mot de passe ? Alors qu’il pense simplement prouver qu’il n’est pas un robot en cliquant sur un panneau de signalisation dans une série d’images, il entraîne les intelligences artificielles développées par l’entreprise et améliore sans le savoir des logiciels de conduite autonome à comprendre le Code de la route.

L’intelligence artificielle a beau promettre un futur rempli de machines entièrement autonomes, elle a encore besoin en coulisses de millions de petites actions humaines. « La plupart des services en ligne ont besoin de beaucoup d’êtres humains pour fonctionner » , explique au Figaro Mark Graham, géographe d’Internet à l’université d’Oxford et spécialiste de ces formes de travail invisibles de l’économie numérique. Cette activité, qui mobilise l’internaute moyen comme plusieurs centaines de millions de travailleurs insoupçonnés, a même un nom : le digital labor.

La ruée vers l’intelligence artificielle a amplifié ce phénomène. Google, Facebook, Microsoft et IBM ont chacun leurs propres laboratoires de recherche dans le domaine. Ces entreprises misent particulièrement sur cette technologie pour assurer leur avenir et ont recruté les meilleurs chercheurs pour réaliser leurs ambitions. Mais pour fonctionner correctement et réaliser leurs prouesses, les intelligences artificielles ont besoin de beaucoup d’attention humaine. Pour qu’un ordinateur reconnaisse un chaton parmi des milliards d’images, un humain doit d’abord lui montrer des milliers de photos de chatons. Cette phase d’entraînement ne revient pas aux grands savants mais à des internautes, qui se chargent de cliquer sur de nombreuses images de chatons jusqu’à ce que l’intelligence artificielle ait compris les traits distinctifs des félins et puisse prendre le relais.

Pour trouver cette main-d’oeuvre, les grandes entreprises adoptent différentes stratégies. Certaines font faire une partie de ce travail à leurs utilisateurs, sans même que ceux-ci en aient conscience. Lorsqu’un utilisateur de Facebook signale une image violente sur son flux d’actualités, il aide par exemple les algorithmes de modération du réseau social à repérer plus finement les contenus choquants postés chaque jour par milliers. Du côté de Google, la reconnaissance de caractères sur des « Captcha » (ces dispositifs qui apparaissent pour vérifier qu’un utilisateur n’est pas un robot) a longtemps permis d’aider les robots de l’entreprise à lire les pages de livres abîmées sur Google Books et à les indexer sur le moteur de recherche.

Les grandes entreprises adoptent une autre stratégie pour les sujets plus sensibles (comme la recherche militaire) ou laborieux (comme la reconnaissance de milliers d’images). Elles font appel à des internautes faiblement rémunérés sur des plateformes spécifiques de digital labor. Certaines ont même lancé leur propre système, de façon plus ou moins assumée. Google passe par EWOK, Amazon détient le service Mechanical Turk, Microsoft se sert de l’UHRS, et la technologie Watson, d’IBM, s’appuie sur la plateforme Spare5 (récemment rebaptisée Mighty AI). Sans connaître le commanditaire de leur travail, les internautes qui fréquentent ces sites doivent parfois reconnaître des pistes d’atterrissage sur des vues aériennes. « Je suis assez certain que certains travaux que nous observons servent pour entraîner les drones » , explique Mark Graham, qui a dirigé une importante étude auprès de centaines de « tâcherons du clic » en Afrique subsaharienne et en Asie du Sud-Est. Google, qui demande parfois à ses utilisateurs de repérer des pales d’hélicoptère sur des images pour recouvrer son mot de passe, est aussi propriétaire de Boston Dynamics, une entreprise investie dans la fabrication de robots militaires.

« Face à ce genre de cas, il faut se demander quel type d’intelligence artificielle nous aidons à développer » , note Antonio Casilli, sociologue à Télécom ParisTech et spécialiste du digital labor. Outre les finalités de ce type de travail, ses conditions posent aussi problème aux experts car elles perpétuent des inégalités. D’ici à 2019, 213 millions de travailleurs devraient pourtant intégrer le marché du digital labor, selon les chiffres de l’International Labour Organisation. L’utilisation des plateformes qui mettent en relation les entreprises et ces millions de travailleurs augmente de 25 % chaque année, selon les chiffres cités par l’étude de Mark Graham. Or, la rémunération de ces micro-tâches ou de ce travail n’est absolument pas régulée. Beaucoup de ces microtravailleurs passent 18 heures par semaine en moyenne à rechercher un travail précaire et épuisant. En France, le Conseil national du numérique a récemment lancé une grande consultation sur le digital labor. Les chercheurs européens se sont déjà fédérés en un réseau, European Network on Digital Labour (ENDL). –

Le micro-travail : des corvées peu gratifiantes et mal rémunérées (01net, 22 mars 2017)

Dans le magazine 01net du 22 mars 2017, une longue enquête sur les marchés du micro-travail du Sud Global, avec des extraîts d’un entretien que j’ai accordé au journaliste Gabriel Simeon.

Le Calvaire Des Forçats Du Net

Gabriel Simeon

Pour arrondir leurs fins de mois diffciles ou simplement gagner leur croûte, les besogneux du Web acceptent des corvées peu gratifiantes et très mal rémunérées.

Si internet était un iceberg, la partie émergée serait peuplée de Youtubers et de blogueurs, de patrons de géants du net et de startup… Bref, de tous ceux qui ont décroché le pactole en surfant sur ce nouvel eldorado. Le dessous de l’iceberg, l’invisible et l’essentiel, serait composé de ces petites mains payées au clic ou à la tâche, et pour qui net rime d’abord avec cacahuètes. Ces microtâcherons, comme les nomme le sociologue Antonio Casilli, professeur à télécom Paristech et auteur de Qu’est-ce que le digital labor ? (2015), seraient plus d’une centaine de millions dans le monde. Leur point commun ? ils se sont un jour inscrits sur une plateforme Web de microtravail comme il en existe des dizaines : zhubajie (15millions de travailleurs), Upwork (12 millions), CrowdSource (8 millions)… autant de places de marché qui font miroiter des jobs faciles, réalisables depuis un ordinateur, bien au chaud, chez soi. Le paradis des laborieux ? On finirait presque par le croire, si les missions ne se révélaient pas aussi courtes, répétitives et payées au lance-pierre.

Comme sur mechanical turk, mturk pour les habitués. Cette place de marché pionnière, lancée en 2005 par amazon, tire son nom d’un canular fomenté par un ingénieur hongrois du XViisiècle. Le farceur prétendait avoir développé un automate capable de battre n’importe qui aux échecs. C’était bidon. Sous sa machine, se dissimulait un humain en chair et en os qui, lui, était réellement imbattable.

Des souris et des hommes. Ce clin d’oeil à ce subterfuge, censé annoncer la domination des machines sur l’homme, est désormais une des vitrines du géant du commerce en ligne. Sur son site, amazon qualifie très ironiquement son mechanical turk, d’artificial artificial intelligence, autrement dit “d’artificielle intelligence artificielle”. Une façon cynique de rappeler que les robots ne nous ont pas encore tout à fait remplacés. Le site mturk.com met donc en relation employeurs et stakhanovistes du mulot pour confier à ces derniers des travaux que les ordinateurs ne parviennent pas encore bien à réaliser. Par exemple, analyser une image, effectuer une présentation PowerPoint, donner de la visibilité à un site Web, traduire un texte… Signe des temps, beaucoup sont prêts à s’acquitter de ce genre de corvées, en échange d’une (petite) poignée de dollars ou de coupons de réduction.

Gains sans effort. au passage, l’entremetteur capte sa commission (20 % environ du budget consenti par l’employeur), ce qui ne freine en rien son succès. La plateforme compte quelque 500 000 inscrits et 15 000 travailleurs actifs par mois, dont un quart y consacrerait plus de vingt et une heures par semaine. La réussite est telle que d’autres ténors du net, et pas des moindres, se sont lancés sur ce créneau, tels microsoft avec UHRS ou iBm avec Spare. Cette idée de faire appel aux internautes pour exécuter des boulots fastidieux n’est pas tout à fait nouvelle. au début des années 2000, des universitaires avaient déjà eu l’idée de solliciter des amateurs de sciences pour découvrir d’autres étoiles sur des images prises au télescope, dans l’espace. “Depuis, Internet a poussé à l’extrême ce phénomène dit de crowdsourcing” , constate Antonio Casilli. Le système a également été favorisé par l’émergence des emplois à la pige ou en free-lance, ainsi que par le boom de la sous-traitance. Pour autant, les plateformes comme mturk ne sont pas totalement dénuées d’intérêt. grâce à elles, certains disposent maintenant d’un moyen d’arrondir leurs fins de mois, sans même avoir à sortir de chez eux, tout en contribuant aussi à faire progresser la recherche. Plus d’un tiers des activités proposées alimentent des études scientifiques. enfin, le site d’amazon soulage les entreprises en leur donnant accès à une main-d’oeuvre variée, taillable et corvéable à merci… et surtout, très low-cost.

Selon l’institut américain Pew Research Center, près de deux tiers des boulots offerts sur mturk sont rémunérés moins de 10 centimes (on parle de dollar, mais c’est à peu près la même chose en euro). il suffit de s’inscrire sur le site pour le vérifier. Une certaine Shery gould offre une récompense de 0,04 dollar pour qui récupérera les adresses mails des dirigeants d’une entreprise. Plus bas, on propose de convertir des prix américains en euros (0,07 dollar) ou de lister des ingrédients présents sur des photos de produits alimentaires (0,50 dollar, waouh !). À ce rythme, on vous laisse imaginer le nombre d’actions à enchaîner pour gagner sa croûte. Laura, une mère au foyer américaine, a fait le calcul et l’a publié sur un site de turkers (travailleurs mturker) mécontents : “La triste réalité, déplore-t-elle, c’est que j’ai gagné 0,75 dollar de l’heure ces deux dernières semaines, qui seront encore amputés de 15 % après impôts . ” Dix fois moins que le salaire minimum en vigueur dans tout le pays ! Pour les autres turkers, ce n’est guère mieux. La moitié engrange moins de 5 dollars de l’heure, et cela à raison de quarante heures par semaine sans avoir de vacances, soit 10 379 dollars (9 800 euros) à l’année ! tout ça, sans contrat à la clé. Leurs “patrons” ne cotisent ni pour leur santé ni pour leur retraite… et s’ils ne sont pas satisfaits du boulot, les turkers ne sont pas payés !

À la rigueur, le cyberesclave peut se faire une vague idée de la probité de son employeur en consultant son “taux d’approbation”, calculé en fonction des avis d’anciens employés, et mentionné sur son profil. S’il n’est pas content, il n’a qu’à aller trimer ailleurs. Ce ne sont pas les sites qui manquent.

Dix centimes le couple. Peut-être avez-vous déjà entendu parler de la nouvelle application de rencontres Once. Ses concepteurs promettent à chacun de leurs membres de les mettre en relation chaque jour avec une potentielle âme soeur, d’après l’analyse des profils des tourtereaux. alors que, jusqu’ici, la plupart de ces sites avaient recours à des algorithmes automatisés pour dégoter la perle rare, Once innove en faisant appel à des “matchmakers”. Selon le magazine Challenges , ces grouillots de l’amour chargés de trier les profils seraient au moins 150 à opérer en France. ils seraient payés 10 centimes par paire de profils établis. À raison d’un “match” réalisé toutes les trente secondes, sans prendre la moindre pause, ces travailleurs peuvent espérer empocher 12 euros de l’heure. mais attention, ils ne touchent l’argent que si les candidats accouplés ont vraiment le coup de foudre… Ce qui n’arrive qu’une fois sur deux. C’est déjà moins alléchant.

Bon, on fait la fine bouche. Pourtant, dans des pays émergents comme on les nomme à présent, beaucoup sauteraient sur l’occase pour pouvoir manger. L’indonésie fournirait ainsi l’essentiel des micro-tâcherons du net, d’après Antonio Casilli. Là-bas, ces esclaves de la souris offcient carrément dans des fermes à clics, dans le but de partager et Liker des contenus publiés sur Facebook. tandis qu’en inde ou aux Philippines, les crève-la-faim s’échinent à apprendre l’allemand ou le russe pour, ensuite, proposer leur service de traduction contre des clopinettes.

Travailler à l’oeil. encore peuvent-ils s’estimer contents d’être payés. Car aujourd’hui, rémunérer les besogneux en espèces sonnantes et trébuchantes, c’est déjà dépassé. ainsi, les Local guides de google doivent-ils se contenter d’une gratification pour les bonnes adresses de restaurants, les photos qu’ils publient ou les avis qu’ils partagent dans le but d’enrichir la toile déployée par le colosse du Web. en échange, ces gentils Saint-Bernard gagnent un peu d’espace disque sur google Drive ou ont l’honneur de tester en avant-première des appareils promus par la marque. merci, c’est trop, vraiment, vous n’auriez pas dû…

De toute façon, plébéiens du réseau que nous sommes, nous ne réalisons même pas que nous bossons gracieusement pour les mastodontes du Web. n’avez-vous jamais coché la case Je ne suis pas un robot, avant de valider un téléchargement ? Ce système, qui nécessite parfois d’analyser une photo pour prouver qu’on est bien un humain, sert en fait à entraîner les programmes de reconnaissance d’images de google. Dur, dur d’être considéré comme un cyberprolo, quand on se prend pour un champion du mulot. n

Illustration(s) :
Des plateformes comme mTurc font florès sur le Net en offrant aux entreprises des cybertâcherons payés au lance-pierre : moins de 0,10 $ la tâche !
Afflux de Like sur les réseaux sociaux ? Les fermes à clics, comme celle-ci en Chine, sont entrées en action !
Des plateformes comme mTurc font florès sur le Net en offrant aux entreprises des cybertâcherons payés au lance-pierre : moins de 0,10 $ la tâche !
Afflux de Like sur les réseaux sociaux ? Les fermes à clics, comme celle-ci en Chine, sont entrées en action !

Facebook
Facebook est spécialisé dans les prestations de services de réseautage social en ligne. L’activité de la société s’organise autour de 3 pôles : – prestations de mise en réseau : notamment prestations
Facebook
Facebook specializes in online social networking services. The group’s activity is organized around 3 areas: – networking services: primarily information exchanging and photography sharing for the individuals (1.9 billion monthly

© 2017 01 net. Tous droits réservés. Le présent document est protégé par les lois et conventions internationales sur le droit d’auteur et son utilisation est régie par ces lois et conventions.
Certificat émis le 22 mars 2017 à TELECOM-PARISTECH à des fins de visualisation personnelle et temporaire.

news·20170322·UK·20170322×c0049
© CEDROM-SNi inc., 2017

Réinitialiser la session
Journaux
Magazines et revues
Presse web
Presse web référencé
Communiqués de presse
Fils de presse
Contenu de presse écrite publié sous une marque reconnue